O dom de escrever - parte 1
Eu sempre gostei de escrever.
Quando jovem mantinha um caderno de poesias. Eu ilustrava, escrevia e fazia composição de colagens.
Nas horas vagas e nos intervalos dos estudos, eu inventava uma rima, ou escrevia uma dissertação para mim mesma.
Todo texto era acompanhado de um desenho.
Usava canetas, lápis e lápis de cor. Permanecia por horas imitando os escritores do livro de Literatura. Muitas vezes ficava imaginando como era Camões e como seria a vida de Cora Coralina no seu cotidiano.
Os livros didáticos de Língua Portuguesa e os de Literatura eram os meus favoritos. Não apreciava muito a área de exatas. Devorava cada página e cada capítulo para saber antecipadamente o que a professora iria explicar.
Pegar cadernos e escrever frases ou textos era um ato romântico para uma garota dos anos 80. Ouvíamos Renato Russo e já era o bastante para memorizar belas mensagens de um mundo que estava para evoluir rápido. Eu, particularmente, carrego a poesia de Vinicius de Moraes, Roberto Carlos, Taiguara porque meu pai ouvia muita música. Eu já elegia meus favoritos: Milton Nascimento, Elis Regina e Chico Buarque; e devido a influência da mídia, passava muito tempo dançando e cantando as novidades do mundo pop como toda adolescente.
Meu repertório crescia na medida que fui alimentando minha curiosidade. Como eu estudava muito, meu esforço trazia a recompensa de boas notas e os olhares de alguns professores dizendo que eu era talentosa, alguns até invejavam minha criatividade e duvidavam da minha performance. Não havia internet nesta época eu criava e desenvolvia meus textos porque a mente criava o tempo todo. O conteúdo era fruto das pesquisas na biblioteca pública ou então vinha dos livros que os professores nos recomendavam ou exigiam.
O caderno não cheguei a mostrar a ninguém, talvez minha mãe possa ter vasculhado as páginas escondido de mim. Havia tantos códigos, metáforas e emaranhados de discurso que seria difícil compreender o que eu dizia.
Joguei fora o caderno. Não me recordo quando. Cheguei a chorar de arrependimento quando contei isso para minha psicóloga. Enfim, precisarei muita dedicação para reconstruir do jeito que foi construído. Uma vez adulta, seria impossível reproduzi-lo com tanta dedicação, e nem tempo eu teria restando-me substituir esse lazer por outras tarefas mais realistas.
O dom de escrever me trouxe a experiência de descrever. Há momentos em que sou jornalista, aprendi ser concisa. Há momentos em que sou poetisa, aprendi a rima. Há momentos em que sou escritora realista ou me atrevo a discursar sobre as influências modernistas. Cometo erros, acertos. Vou unindo a escrita com a arte e as expressões contemporâneas. Vou escrevendo sobre o que sinto ou sobre o que eu vejo. Há momentos em que eu quero agradar em outros episódios quero alegrar. E vou traçando esta experiência de aprender o que eu não sei e de praticar o que aprendi.
Publiquei uma das minhas histórias em 2017 escolhendo um tom de auto-ajuda. No momento estou publicando neste blog minha evolução. Estou partindo para uma viagem desenvolvendo contos, prosas, crônicas e me vejo arriscando uma novela. Tudo para mim é uma descoberta.
By Clau
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